31 março 2003

Andando aqui pela PUC, como ando todo santo dia, ainda consigo me espantar com os modismos aos quais estas guriazinhas que aqui freqüentam se encontram escravizadas. Até por curiosidade, gostaria de saber qual o mote inicial da coisa; se há um momento, marco zero, em que um destes fashion stylist decretam que a moda agora é... sutiã por cima da camiseta, digamos assim. Por que os troços surgem de maneira alarmante, e se espalham tal qual aqueles círculos de ondulação em água parada quando se joga uma pedra: num dia tu vê uma, caminha mais um pouco, vislumbra outra guria, e, ao final da jornada, terá visto pelo menos dez menininhas com a mesma super produção.

Sou um sujeito observador. Antes, a moda era uma tiara de tecido, que principalmente as moças de crinas revoltosas usavam para deixar a testa à mostra e a juba jogada toda para trás. A coisa se difundiu, encontrou receptáculo também entre os homens de cabelos mais longos e durou um tempinho considerável. Nas minhas incursões televisivas, vi que alguns elementos daquele maravilha de Malhação também faziam uso de tal ornamento. Penso que partiu dai sua difusão-mestra, por assim dizer, trazendo-me a impressão que realmente a Globo molda o mundo.

Agora, é um tal jeitinho militar-despojado de ser que parece a tônica do momento. Enfiadas naquelas calças de cor crua e tecido grosso, cheia de bolsos, as meninhas fazem estilo dentro da peça folgada, com um daqueles cintos moles que ficam pendurado até quase o joelho e arrematam com uma básica camisetinha militar, que pode ser regata, ou não, conforme o frescor do dia. Hoje contei uma, duas, três... quando a coisa foi avançando decidi que era melhor parar de contar, e só me espantar com a falta de originalidade destas moçoilas que parecem curtir o uniforme identificatório de suas tribos.

Psicologicamente, existem aquelas diversas teorias de rituais de aceitação na comunidade, identificação com o grupo majoritário, estes lances, mas me impressiona que na prática da vida urbana este troço funcione de verdade: a necessidade que as pessoas têm de se sentir e de parecerem-se umas com as outras, obedecendo à alguma ordem superiora que determinou que aquilo é que é tri massa, é algo quase assustador. Uma das explicações para a forte tendência do mundo ter se mantido e continuar se mantendo em muitas culturas, sob o sistema de regimes autoritários e dominantes. É o gosto pelo cabresto.

êa: crítica de cinema nova no Digestivo Cultural. Dá uma passada lá.

28 março 2003

Alguma coisa talvez devesse ser dita sobre o aniversário de Porto Alegre, que passou e eu nem falei nada. Para falar a verdade, parece que pouca gente falou, comentou e poucos jingles, tão típicos nesta época do ano se fizeram ouvir pelos comerciais televisivos. No más, sempre aquela musiquinha do Fogaça e sua esposa, bailinho da Redenção no sábado, e mais o quê? Coluninhas previsíveis de sempre da Martha Medeiros dizendo que "ai, como é legal viver em Porto Alegre..."; "os espaços culturais são grande"; "é como Rio e São Paulo" e blá, blá, blá. Acho que nada mais. Não, não vou escrever poeminhas para a Cidade Baixa nem canções enaltecendo o Menino Deus. Deixo isto para os estúdios de jingles e os poetas da Osvaldo Aranha.

Sempre tive minhas dúvidas quanto à utilidade das manifestações públicas de protesto, de uma maneira geral. Agora, me apavora quando a coisa chegas às raias da imbecilidade quando se fazem protestos do tipo "a Coca-Cola é americana? Vamos protestar contra a guerra no pátio da engarrafadora Vonpar!". Com a presença, inclusive do deputado estadual Frei Sérgio Göergen (PT) e do presidente regional da Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS), Quintino Severo, acharam que seria uma boa protestar contra quem, segundo eles, apóia a Guerra no Iraque. Esta proposta de boicote aos produtos americanos já parece algo a se pensar, e quem fala aqui não é, de maneira nenhuma, fã daquela nação.

O problema é quando a coisa descamba do protesto genuíno contra uma situação insustentável de demonstração de supremacia mundial para o modismo que se transformou o fato de dizer que detesta os americanos e seus produtos. Se esvaziar quatorze garrafas de Coca-Cola no pátio de uma empresa gaúcha lhes parece que resolverá e impedirá que o imbecil do Bush continue, à revelia de tudo e de todos que já mostrou desprezar, sua guerrinha particular pelo domínio do petróleo mundial, não tenho mais noção de nada e as coisas devem, então, se resolver com uma facilidade impressionante. Talvez seja a hora de manifestações contra mitos de guerra e de violência que, subliminarmente, sempre agiram para nos impregnar com a tendência bélica americana. Revoltemo-nos contra os velhos barrigudos que ainda locam filmes do Charles Bronson, este ápice da violência desmedida e não assistamos mais Rambo quando passar pela 541ª vez na TV Globo.

Vamos perguntar sobre a participação societária de americanos em cada bolinho de bacalhau que ingerirmos pelos bares e agredir a qualquer um que se dirigir a nós pela rua pronunciando um excuse me cheio de violência e proselitismo americano.

24 março 2003

O pessoal daqui deu uma enlouquecida, também, e achou que uma boa manifestação pela paz era apedrejar o Cultural da Riachuelo e seguir em frente querendo, é óbvio, dar uma apedrejada no MacDonald's da Rua da Praia. Lógico, são filhos desta podre hegemonia capitalista norte americana . Ai, meu Deus! Eu, por acaso, passava pela frente no exato momento e ainda pude ser testemunha do cordão de PM's que rapidamente se formou para defender a lanchonete de tal vandalismo. Mais do que protestos pela paz, o que se vê aqui são reações puramente antiamericanas que muitas vezes revela somente uma verve de violência por pura rebeldia poser. É quase como foi aquela onda de protestar para tirar o falecido Collor da presidência. Era bonito ser cara-pintada. Se funcionou? Se os jovens tem o poder de, com seu protesto, fazer alguma diferença? É, é bonito protestar. Mas o que eles acham mais bacana, mesmo, é ser contra os EUA, não se manifestar decente e coerentemente pela paz.

ADAPTAÇÃO

O bochechinha rosa Rubens Ewald Filho é um cara que só gosta de filmes clássicos, de preferência estreado pela Audrey Hepburn e que contenham grande planos-seqüência em preto e branco. Sabe, assustadoramente, e decoradamente, o nome das centenas de caras chupadas pelo tempo que passam em frente às câmeras naquelas homenagens bregas que todos os anos o pessoal do Oscar insiste em prestar. Estava quase morrendo de tristeza por que o rap de Eminen [''Lose Yourself'', de ''8 Mile] ganhou o Oscar de melhor canção, já que provavelmente lhe apetecia mais aquelas baboseiras de sempre do Elliot Goldenthalou do Paul Simon. Isto não significa que eu tenha ficado especialmente feliz com tal prêmio, uma vez que detesto o Eminem e as porcarias que ele compõe (?), mas não é por isso que ficaria tendo crises histéricas só por causa de um prêmio adorado por quase toda a indústria cinematográfica que ainda se importa com o que Hollywood pensa.

Estas devem ser credenciais bem explicativas para justificar o fato do crítico ter desencado o filme Adaptação, que eu, particularmente, tendo-o assistido neste sábado, achei uma das coisas mais interessantes e bem resolvidas feitas atualmente no cinema. Isto que o ano recém começou, e isto que, mesmo tendo achado-o um grande filme, não fiquei satisfeito com o final de filme de ação a que o filme acaba se submetendo.

No más, é difícil passar imune à atuação de Nicolas Cage como o protagonista do filme - o roteirista Charlie Kauffman, brincando consigo mesmo, neste filme que foi escrito pelo próprio - e seu irmão gêmeo, Donald [que, até agora se sabe, o Charlie Kauffman não tem]. O Charlie do filme, que é difícil de acreditar que seu autor seja tal qual, é extremamente irritante, com um complexo de perdedor muito mais que instaurado, de um rigor criativo imenso com seu processo de criação de roteiros e que acaba sempre exercendo uma postura extremamente superior à seu irmão, um sujeito igualmente gordo, com o mesmo parco cabelo e calvície mais do que proeminente, mas que, ao contrário de Charlie, é seguro de si e, mesmo fazendo o contraponto ao tipo genial que pretende Charlie, consegue se descolar bem mais nas mais simplórias situações.

Charlie é um cara que sua como um porco na frente de mulheres, é extremamente irritante com seu pedantismo formal de defesa da originalidade dos roteiros, e quase sempre humilha seu irmão, quando este anuncia que também será roteirista, e, para isto fará um curso de fim de semana com um falcatrua qualquer. Quando volta do curso, com idéias que sempre se voltam para um filme de ação com tramas nada originais de psicopatas e políciais ensandecidos, deixa seu irmão ainda mais nervoso, a ter que lhe explicar freqüentemente que não tem nada de original naquelas idéiais e tudo aquilo já tinha se visto.

Com um problema de ter que adaptar um bestseller sobre um colecionador de orquídeas, escrito pela personagem de Meryl Streep, que realmente conhece tal encantador homem sem os dentes da frente, mas com uma lábia que seduz a muitos, vivido pelo bacana ator Chris Cooper, Charlie Kauffman vai quase enlouquecendo em seu nulo processo criativo e acaba tendo que recorrer ao tal cursinho de fim de semana para ver se destranca do seu retardamento de escrita.

Bueno, se contar o resto estraga. Mas a coisa enlouquece a tal ponto que Charlie e Donald acabam conhecendo de uma maneira não muito agradável o próprio colecionador de orquídeas e a escritora do livro, e o troço desbanca um tanto para ação [com duas incríveis seqüências de batidas de automóvel]. Por aí, se vê que a tal adaptação contida no nome do filme não se refere somente ao processo de transcrever a obra literária para a linguagem do cinema, mas a própria descoberta que Charlie faz de si apartir de seu irmão e de certas reflexões de vida que estabelece. É um filme mais inteligente que a grande média, e que não se destina somente aos interessadinhos no cinema mais descolado, que caras com uma fama um tanto esquizóide como Spike Jonze [que, descobri recentemente, é um dos roteiristas de Jackass... Que bosta.] tem protagonizado. E o resto?Bem, o resto é o resto...

Sim, texto novo no ExpressOpinião. É, eu continuo indo assistir às comédias românticas e depois escrevendo artigos sobre elas [namorada romântica, que se há de fazer.] Não, o texto não estabelece nenhuma relação entre os delírios folhetinescos de Hollywood com a guerra. É, eu não tenho competência para escrever um grande artigo diferente de tantos que já foram escritos à respeito da guerra. Sim, por isto eu continuo escrevendo críticas de filme e atualidades, literatura e ficção em geral. Não, não vai ser isto que vai me impedir de continuar tecendo pequenos comentários sobre a guerra. Assim que eu tiver alguma coisa bem interessante para escrever.

Sensação estranha, esta, de que parece que tudo o que se escrever, hoje, [se não tiver relação - a mais ínfima que seja - com esta guerra que está ocorrendo e que tem fontes de informação bem mais dignas do que a minha], será algo banal e não merece ser escrito. Besteira, é claro, por que, sem parecer frívolo ou fútil com o desespero alheio, a vida e o mundo, sim, continuam, e também, eu não sou o ser mais competente para fazer comentários muito aproveitáveis sobre o que está se vendo [ainda que eu faça, e vá continuar fazendo, sim!]. No más, tenho algumas outras coisinhas pra postar, e acho que não tem uma relação muito específica com o Iraque, se bem que os atores este ano, não desfilaram no tapete vermelho por medo da insegurança, antes de entrar no teatro onde ocorre a festa do Oscar...

20 março 2003

Interessante a teoria exposta por André Takeda no seu Spectorama, à respeito do Adaptação:

Charile & Andy Kaufman
Ainda estou encucado com o filme Adaptação. Ontem comecei a elaborar teorias sobre o filme. A sensação que tenho é que tudo não passa de uma grande pegadinha de Spike Jonze e, principalmente, Charlie Kaufman. E será que Charlie realmente existe? Veja bem: toda a brincadeira que ele fez com Hollywood (um irmão gêmeo que não existe foi indicado ao Oscar por ser co-autor de um roteiro adaptado que de adaptado não tem quase nada) é típica do lendário comediante Andy Kaufman. Será que o sobrenome em comum é mera coincidência? Além disso, Quero Ser John Malkvovich, o filme que mostrou a genialidade de Charlie ao mundo, foi produzido por Michael Stipe. E se você conhece um pouco de REM, a banda de Stipe, sabe que ele é fã de Andy Kaufman.


Sei que tudo isso é bizarro. Mas às vezes a zona pantanosa do meu cérebro trabalha demais.


19 março 2003

Ou eu estou estupidamente enganado, ou esta será a primeira guerra realmente, onde a internet se fará presente como um veículo de atualização on-line das informações das agências de notícias. Estou acompanhando, agora, pelo site do Terra, a atualização minuto a minuto, e é impressionante como, com as coisas acontecendo, podemos ter acesso a coisas tipo fotos do arsenal dos Estados Unidos, saída dos inspetores da ONU do território iraquiano, diversas imagens do Sadan. Nestas horas, a internet é algo realmente impressionante.

18 março 2003

Coçava as frieiras do pé com um prazer que me fazia olhar estarrecido por diversas vezes aquela cena que, ultimamente, andava se repetindo à grande. Dizia que sentia o mesmo gozo de quando se masturbava olhando pro fundo dos olhinhos muito miúdos da gorda filha da vendedora de pilhas que se encostava no muro do nosso prédio. Um dia me revelou, embora eu não tenha certeza ser verdade até hoje, que nunca teve coragem de transar com ela. Achava que seus olhos tinham ternura em excesso, e, por mais que ela quisesse que ele fizesse a coisa, o máximo que ele fazia era deixar que ela ficasse sentada e quieta, enquanto ele olhava muito fundo nos olhos dela e via ali algum ponto excitante qualquer que o combalia a auto-satisfazer-se furiosamente. A gorda não ficava quieta, queria participar - era uma mulher, estava ali, e tudo o que ele queria era que ficasse olhando? Nessas horas ele batia na cara dela com o cinto que tinha tirado para que o tilintar da calça arriada ao sacudir não acordasse nosso vô que dormitava no quartinho ao lado. Tanto era o silêncio que tinham que fazer, que ele se atirava sobre a cara da gorda quando ela se punha a chorar por que ele atingira o clímax, gozando violentamente contra a parede, e ela não tinha participado daquele momento. Não da maneira que ela queria. Ele, de calças ainda arriada, passava seus dedos grossos nos lábios da gorda e dizia que ela não devia se corromper assim. Havia alguém muito especial para ela e, por enquanto, aquilo era tudo o que eles poderiam ter.

Não sou fã conhecedor do herói. Afinal, o único herói sobre o qual eu sei tudo e realmente me manifesto quando algo é feito negativamente sobre, é o Batman. De resto, achei bacana o Homem-Aranha de Sam Raimi, acho que o Hulk vai ser uma grande bosta, mas, é claro, não vou perder, para contentar a minha porção guri e para poder escrever críticas desfavoráveis depois. X-Men foi um filme acima da média no quesito heróis, desde que não encontraram um protagonista decente para nenhum dos Batman [link chupado do blog do Nasi, que, aliás, é o cara que entende de quadrinhos por estas bandas, com seus comentários sempre pertinentes. Nem sei por que estou fazendo este prólogo metido à besta! De quadrinhos só sei que adoro Watchmen, Robert Crumb, Miguelanxo Prado e outros grandes caras que fazem um lance mais urbano. Batman, é claro, mestre supremo, e o resto é puro empirismo e seqüelas de uma adolescência também abastecida com álbuns da DC e da Marvel].

Início verdadeiramente dispensável para dizer que, afinal de contas, não sei por que tanta reclamação dos fãs e até mesmo da crítica(!) para Demolidor. Bom, vai ver que é por que eu não sou fã... Será que não ficaram satisfeitos com a atuação morna de Ben Affleck? Ou terá sido as cenas de lutas sempre passadas na quase absoluta escuridão? Talvez fosse uma metalinguagem para o diretor nos passar a angústia da cegueira... Pensem bem... Bom, pode ser também que tenha sido a rapidez com que as coisas de resolvem e a falta de empatia do herói o tempo inteiro? O vilão Mercenário [Collin Farrell] também é caricato pra caralho, e não sei se isso é bom ou ruim, já que ao menos alguém foi expressivo no filme. As risadas guturais d'O Rei do Crime [Michael Clarke Duncan] não foram assustadoras o bastante? Tem quem reclame do cara ser negro e o vilão dos quadrinhos, branco. Seria um politicamente correto ao avesso. Ao avesso por que perpetuaram a imagem do negro delinqüente, segundo os mais exaltadinhos defensores da ética.

Provavelmente foram estes os motivos para deixar tanta gente indignada. Mas sempre há uma compensação em tudo. Neste filme raso como um pires [legal as partes de sofrimento interior do personagem, quando se confessa para o padre, angustiado e com sentimento de culpa. Cenas antológicas...], ainda vale o preço do ingresso a hnngata Jennifer Garner, com sua gostosa Elektra.

17 março 2003

Bueno, tem uma ficçãozinha nova minha, lá no Expresso. Aparece, velho.

Para os mal-humorados de plantão, o episódio dos Simpsons no Brasil está concorrendo a melhor roteiro de televisão, segundo o Sindicato dos Roteiristas da América (Writers Guild of America). Os vagarosos ainda acham que foi uma falta de conhecimento da produção colocar os personagens para falar com sotaque espanhol... Bueno, que se há de fazer?

Não que isto já se configure em uma impressão final à respeito - ainda estou longe para isto, recém na metade do livro - mas, ou o tradutor de Vladimir Nabokov é um cara fraco pra caramba, ou realmente os recursos estilísticos e as construções frasais usadas pelo autor durante todo o desenrolar de Riso no Escuro são extremamente banais e lugares-comuns. A cada descrição entrecortada de adjetivos pobres, dignos das novelinhas menos preocupadamente escritas, me dá um aperto na barriga, mas eu sigo em frente achando que as coisas ainda irão melhorar. Tenho fé. No más, pode ser só uma impressão.

14 março 2003


Adriana Lima. O que dizer a respeito?

Momentos de quase nada a ser escrito. Na verdade, isto é bem estranho. Ou bem chato. Ou os dois. Muita leitura, alguma observação dos esquemas para se explodir o Iraque e os bonecos da ONU que não servem para nada. Curtindo muito Cortázar, acabei de ler Bestiário, e agora estou começando Alguém que Anda por aí. No más, me iniciando também em Dalton Trevisan com Novelas Nada Exemplares e um Vladimir Nabokov que não seja Lolita. Então, Riso no Escuro, mas a temática lembra bastante o livro mais famoso dele. Persegue o autor uma predileção por seus personagens maduros serem adoradores de garotinhas. O clima é bem construído. Como ainda não terminei de ler, mais tarde exponho mais detidamente impressões maiores a respeito.

Afinal de contas, para que diabos existe a ONU? Qual a função de um departamento como o Conselho de Segurança se, independente da vontade de seus membros, tudo pode ser contornado para satisfazer o desejo do presidente dos Estados Unidos? Eles consideram um "esforço diplomático" esperar a votação da resolução que autoriza ou não [não?! hshshsh] a guerra no Iraque, por isso, é mais provável que eles ataquem antes que seja votada a resolução ou mesmo retirar a proposta da votação e atacar o Iraque à revelia. O troço é tão unilateral que o governo de Bush autorizou a abertura de uma licitação para empresas construtoras "reformarem" o Iraque ao final da guerra. A empresa deve ser apta à reconstrução de escolas, postos de saúde, postos de gasolina e pontes, entre outras edificações.

12 março 2003

Escutando a música do cara, hoje, me lembrei de repente: descobriram o assassino do rapper Sabotage? Impressionante a nada repercussão e descaso da mídia em relação ao caso. Acho que se fosse um destes Leonardos ou Xororós da vida, a coisa seria bem diferente.

10 março 2003

Pedro Doria faz uma interessante análise sobre a perda da privacidade em uma era em que o Google arma uma rede relacionando resultados das buscas mais insólitas possíveis. A procura pelo passado, de maneira investigativa, hoje, está mais fácil com as tecnologias que possibilitam ter acesso a centenas de informações de quem se quer, sabendo-se como fazê-lo. É uma constatação que, se vista com lentidão, pode, realmente, impressionar, causar alguma espécie de pânico, até. Mas é algo cada vez mais palpável nesta sociedade que se sedimenta sobre informações em bancos de dados, acúmulos de fatos relacionados às vidas que, mais cedo ou mais tarde, podem ser utilizados e acessados por governos e grandes corporações por diferentes necessidades. Desde atestar a "confiabilidade" de um candidato à emprego, até escarafunchar, por absoluta curiosidade, a vida daquele seu vizinho de hábitos meio estranhos e que lhe deve alguma coisa. Tudo parece convergir para esta direção, no entanto.


As redes de apoio à tal violação de privacidade são tentáculos que englobam não só ferramentas da internet, como os próprios programas de entretenimento midiático. Olhar, saber e ter informações sobre o outro virará hábito. Tudo está ao alcance. É só mais um produto de consumo: a informação sobre tudo e todos passa a ser quase que de obrigatoriedade. Privacidade se torna cada vez menos representativo, tanto para quem gostaria de ainda tê-la, como para quem faz de tudo para perdê-la, tanto em reality shows, como em blogs e assemelhados, profundamente auto-denunciantes. É preciso estar atento até mesmo sobre o que se escreve on-line, cuidando-se para que seu futuro selecionador em um possível emprego, não venha a digitar seu precioso nomezinho, entre aspas, para facilitar, naquele conhecido campo do Google.

Não só no dia internacional da mulher, mas em todos os dias eu sinto esta vontade pulsante de homenageá-las das maneiras mais sinceras possíveis. Me rendo em deslumbramento e comoção só ao vê-las, tal é a beleza que emana em cada curva de seios, em cada dobra do lábio superior, em cada palavra dita. Definitivamente, eu poderia morrer por elas. Prefiro viver, no entanto, para poder me regozijar com sua tão gostosa presença.

AINDA

Só para constar, se alguém por acaso ainda não leu: já se encontra em mais uma publicação on-line o texto que esmiuça demoradamente [e pretensiosamente] os grandes hits do verão e sua conseqüência para a nação mundial. Tá lá no Argumento.

07 março 2003


As técnicas são diversas: grafite, nanquim, aquarela, lápis de cor e até mesmo algumas colagens se encontram entre minhas incursões gráficas. Este aí embaixo é o resultado de uma delas. Meio estabelecida no território onírico que de vez em quando eu gosto de explorar, encontrei entre meus poucos arquivos de desenhos que eu já tinha scaneado. Não costumo dar nome aos desenhos, embora ache que este mereça. O nome abaixo decidi agora. Contratos para ilustrações, direção de arte e afins podem ser encaminhados para o e-mail no menu ao lado.



Janeladoolho

Hans Blix, o chefe dos inspetores da ONU pede por mais tempo e diz que o desarmamento completo do Iraque levará meses. Bush não quer esperar muito porque disse que suas bombas estão perto do prazo de vencimento.

ALGUMA REPERCUSSÃO

Suburbana, aos poucos, crescendo e conquistando novos leitores e entusiastas. Esta semana tive a grata satisfação de ter a visita de Julio Daio Borges, editor e colunista do já conceituado Digestivo Cultural e receber um convite para uma colaboração no site. Convite mais que honrosamente aceito, já se encontra naquelas bandas o famigerado artigo sobre as "canções de verão" e o cenário musical atual. Dá uma passadinha e faz aquele conferes.

06 março 2003

SAUDADES SEMPRE

Todos os anos, ao final deste período de vagabundagem conhecido como Carnaval, surgem os comentários extremamente pertinentes de especialistas de plantão para dissecar e criticar o desfile das escolas de sambas ou para se lamentar por que "o carnaval não é mais como era antes". Saudosistas de uma época tão áurea quanto as costeletas de Elvis Presley, as colunas de críticos em diversos sites culturais pela internet se enchem de "ah, que tempo bom aquele em que se podia pular no salão e brincar vestido de marinheiro"; "meu Deus, que saudade da Cabeleira do Zezé!"; "Hoje o carnaval é só putaria! Não agüento mais ver essas siliconadas de peito de fora"; "...porque no meu tempo se podia pular o carnaval sem esta bandidagem e esta libertinagem que existem hoje nos bailes...", e por aí afora.

Enquanto um se compadece porque "os sambas enredos de hoje não são mais como as marchinhas de carnaval do João Roberto Kelly", o outro só falta enfiar um revólver na cabeça porque descobriu recentemente que as escolas de samba são patrocinadas por dinheiro do tráfico entre outras fontes não muito honradas que as ajudam a garantir um grande desfile.

Se falta assunto, melhor é não falar nada, realmente. Mas é necessário fazer valer a graninha que se recebe para escrever umas poucas e saudosistas linhas sobre "o carnaval de hoje". Parece tema de redação. Como não há mais originalidade alguma em comentar quantos mililitros de silicone tem nos peitos da rainha da bateria da Mocidade Primeira da Estação da Ilha da Mangueira, a ordem é criticar as histórias rocambolescas que os carnavalescos pesquisam para virar samba-enredo do tipo "A trupe cinqüentenária do guerreiro negro das terras africanas que conquistou o coração da filha do conquistador holandês nas terras do guaraparé". Cada um com seus problemas. Todo ano carnaval é a mesma coisa, e no entanto, os críticos do pós-carnaval não se encarregam de encontrar argumentos mais originais para comentários que virão com certeza, brindar nossos suplementos culturais.

05 março 2003

UMBIGO

É bem verdade que você olhava para ela enquanto tentava chegar à conclusão se lambia ou não o seu umbigo. Era um umbigo mais ou menos como todos os outros, (daqueles socadinhos, porque os saltados, que parecem com lombrigas, você sempre sentiu um nojo descomunal), não se comportava como objeto mais puro para teus desvarios e ações insanas. Mas te provocava. Ela pulava como todas elas pulam - como se o mundo fosse se acabar ou como se o seu umbigo fosse realmente o centro do mundo. Talvez tivesse imenso orgulho dele. Achasse-se tremendamente bem acabada na profundeza daquele umbigo que deveria ter espaço o bastante para reservas de água em noites mais calorentas. A noite agora estava bem assim. Tudo o que tinha ao redor do seu umbigo era suor e tudo o que você queria era lamber o suor do umbigo dela e salpicar de saliva cada poro que o estivesse rodeando.

A bebedeira talvez fosse ser um pretexto extraordinariamente bem aceito na maior parte das explicações com a boca sangrando enquanto você fosse retirado violentamente daquele baile de família. Lugar onde se toca Olha a Cabeleira do Zezé não é, definitivamente, um bom lugar para se sugar o umbigo de uma completa desconhecida.

Mas enquanto você olhava fixamente, sentia-se quase como íntimo, tão claro era o modo como aquele umbigo o chamava, na imensidão daquele buraco escuro e, parecia, tão receptivo. Os amigos ficavam pulando à tua volta e gritando Vamos, vamos lá naquele grupo de mulher!, mas você não prestava muita atenção, absorto que estava em descobrir onde aquilo iria parar.

Quando pareceu que tudo era uma obra desagradável do terrível estado alcóolico em que você se encontrava, era tarde demais e, com a mesma rapidez e perspicácia com que você conseguiu atingir com a ponta da língua o fundo daquele orifíco de tão belo espécime, o rapaz truculento com a orelha deformada lhe atingiu com o cotovelo no centro do ouvido e depois disso você já não sabe mais o que aconteceu.

Dia desses consegui, finalmente, assistir a um episódio da falada série Greg, The Bunny. Como as chamadas eram engraçadas e havia um certo clima de Alf no ar, achei que seria uma boa. Morno, piadas comportadas e tal. Tem um boneco de drácula bastante engraçado que fala blah a quase todo final de frase [não por acaso, denominado Conde Blah] e um outro bicho muito safado que rende alguns momentos mais engraçados do que o próprio Greg, protagonista da série. Este é extremamente comportado e meigo, o típico herói. Acho que os roteiristas ainda estão se achando. É capaz de dar em boa coisa.

Não sei bem em que momento alguém se deu conta de que Tom Hanks poderia fazer filminhos sérios. Bueno, acho que foi no devido instante em que ele resolveu dar um beijo na boca de Antonio Banderas e mostrar que também era um ator sem firulas interpretativas e, que, bem, poderia se dar a desafios maiores do que fazer cara de tonto em filmes sobre despedida de solteiro com a presença de burros mortos [sim, eu também achei um filme bem divertido]. O problema é que Tom Hanks tem cara de paspalho, acho que era isto que fazia com que tivesse tanto sucesso nas lides cômicas afora. Para completar, sua voz é penosamente irritante. Bom, acho que tudo isto, na realidade, poderia ser atributos quando se deve encenar o papel de um detetive com cara de paspalho e com a voz irritante de Tom Hanks. Spielberg deve tê-lo chamado por isso, entre outros motivos que provavelmente não vêm ao caso. Poderíamos até mesmo dizer que, afinal, ele dá conta do recado e faz um detetive com cara de paspalho e voz irritante bem convincente em Prenda-me Se For Capaz.

A questão é que aquele cara parece ser Tom Hanks o tempo todo. Um cara medíocre que se deixa fascinar por um bandido que, pelo que li, devia ser realmente fascinante, mas creio que a verve interpretativa de Leonardo DiCaprio não o deixou chegar a tal ponto. Então, se, em algum lugar, antes de ver o filme, você leu o Spielberg comentando como Frank Abgnale Jr. sempre foi um sujeito por quem todos se apaixonavam e você não notar muito isto na interpretação de Leonardo, é bom se esforçar para enxergar tal fato, porque ele ainda está um pouquiiiinho melhor que em Gangues de Nova Yorque.

Bom, o filme tem uma abertura ótima...

Tem uma boa reprodução de época...

É um estranho filme para ter sido feito por Spielberg...

O que mais se pode dizer à respeito?...Hummmm....

Retornando das folias momais [bem visto, referente à Momo], vamos ver o que este mundo nos prepara agora que o carnaval não há de ser mais desculpa para a vagabundagem.