15 janeiro 2003

SIMENON

Aos vinte anos, Simenon registrou que seu objetivo era “ganhar o máximo de dinheiro possível escrevendo livros fáceis, e depois fazer literatura”. Com menos de trinta anos, estava rico, mas continuou a escrever para ganhar dinheiro, que gastava à rodo. Ao fim da Guerra, assinou um contrato milionário, nunca igualado na França: 250 mil euros para cada livro; 15% dos direitos autorais nos primeiros dez mil exemplares vendidos, e a partir daí, 20%; mais a totalidade dos direitos de publicações no exterior e adaptações cinematográficas.

Diretamente de Paris, Mario Sergio Conti comenta a euforia dos críticos frente à comemoração dos cem anos que Georges Simenon completaria em fevereiro se vivo fosse. Entre outras coisas, faz menção à dificuldade de se precisar o tamanho real da obra do escritor, uma vez que publicou centenas de livros sob pseudônimo. Por ter vendido intensamente desde sempre e sempre, também é colocada em análise a sua qualidade literária, porque, parece, para os críticos é impossível relacionar alta qualidade artística com popularidade. Como também teve diversas adaptações cinematográficas e setenta e cinco livros com o mesmo personagem, o famoso Inspetor Jules Maigret. Por essas e por outras, não se sabe se seu nome poderá ser reconhecido como o do “maior romancista da literatura francesa atual”.

Sétimo autor mais lido no mundo - à frente até de Agatha Christie [será que ganha do Robin Cook? Brincadeira...] - sua ex-secretária e amante ainda deu mais uma ajudada para a mítica em torno do escritor: “Ele era prolixo em tudo: na sua maneira de falar, de escrever, de publicar, de fazer amor”, disse Denyse, sua secretária e amante antes de ser sua segunda mulher, com quem teve três filhos. “Nós fazíamos amor todos os dias, três vezes por dia, antes do café da manhã, depois da sesta e antes de dormir”.Depois de poucos anos de casamento com Denyse, Simenon adotou a bigamia, tornando-se amante de sua cozinheira, mas sem abandonar a mulher nem as relações com prostitutas, fãs, jornalistas, arrumadeiras de hotel, garçonetes, qualquer rabo de saia que lhe passasse pela frente. Velho, jactou-se de ter feito amor com dez mil mulheres.