Mariel Reis entrega o jogo sobre o cartel que se formou em Paraty, com hotéis, pousadas e albergues combinando a venda somente de pacotes (finda a opção de ir para se curtir somente um ou dois dias). Mariel tentou isto e lhe ofereceram a "possibilidade" de pagar agora, não usar todos os seus dias e contar com um "crédito" para passeios futuros (!).
Em momento de gripe suína, o hipocondríaco Mariel também revela seu medo de contrair a dita cuja, em ambiente repleto de estrangeiros, na alternativa infeliz de ter que dividir quarto de albergue com dezenas de gringos vindos não se sabe donde.
Seja por medo de contrair a doença, pela impossibilidade financeira de se ir à cidade ou mesmo pela opção pessoal de não se entregar à festa que, para alguns (desde sempre?) é menos literária e mais de badalação (e qual o problema em se badalar em cidade tão aprazível, se nos intervalos entre uma cachaça e outra se pode escolher ser espectador de debates tão interessantes quanto os das mesas de Tatiana Salem Levy, Rafael Grampá, Milton Hatoum, Gay Talese e tantos outros?), a organização vem procurando - como informa Marcelo Tas - algumas alternativas (como o Canal Flip no YouTube) para "atender a uma gigantesca demanda de quem não pode ou não tem condições de" participar da, atualmente, mais esperada, comentada, odiada e amada festa literária brasileira.
Eu participei da Festa em 2004, na condição de participante do grupo Paralelos, para a oficina de romance ministrada por Milton Hatoum. Era o início de uma festival literário que inflou, se tornou um evento turístico, é bem verdade, e o instante de badalação sobre um mercado que, ao longo do ano e fora do círculo feito de escritores/críticos/leitores ávidos, nunca encontra espelho em nenhum outro momento do ano, nacionalmente falando. A FLIP é um inchaço em um mercado nacional que não tem leitores suficientes e se sustenta de parcas formas, editando os gigantes produtores dos best-sellers e fazendo o leitor médio achar que literatura brasileira é Paulo Coelho. Eu acho saudável que exista um festival desta grandiosidade no Brasil - o que acho elitista são os valores que hoje se cobram para o evento, a loucura faturista que toma conta da cidade (que sempre foi turística, sempre conseguiu explorar naturalmente sua condição de cidade histórica) e o clima de ainda maior distanciamento que isto, consequentemente, acaba causando entre leitor-literatura. Ora, se o festival se torna impraticável para muitos, a literatura naturalmente também, ou não é?
No ano em que fui, não sei se pela prévia organização que Augusto Sales teve, negociando antecipadamente albergues para toda a cambada do Paralelos, ou se pelo caráter ainda em formação que a festa tinha, a idéia que tinha era que tudo era mais natural, simples, acessível Caminhava-se trombando com Scliar, tomava-se vinho ao lado de Jeffrey Eugenides e chutava-se as pedras assim como um distraído Coetzee. É claro que via-se o show de Caetano Veloso e a presença de Chico Buarque então tinha um caráter mais ligado à sua notória figura do que a sua - hoje - notória literatura.
Desde então, venho tentando voltar à feira. A falta de possibilidade de conciliar a agenda dela à minha, profissional e pessoal, tem impossibilitado tal fato. Enquanto isto, sigo achando que tudo inflou demais, os preços estão exorbitantes demais e que tal fato só serve para perpetuar a idéia média de que a literatura está em um altar. Distante demais.
Em momento de gripe suína, o hipocondríaco Mariel também revela seu medo de contrair a dita cuja, em ambiente repleto de estrangeiros, na alternativa infeliz de ter que dividir quarto de albergue com dezenas de gringos vindos não se sabe donde.
Seja por medo de contrair a doença, pela impossibilidade financeira de se ir à cidade ou mesmo pela opção pessoal de não se entregar à festa que, para alguns (desde sempre?) é menos literária e mais de badalação (e qual o problema em se badalar em cidade tão aprazível, se nos intervalos entre uma cachaça e outra se pode escolher ser espectador de debates tão interessantes quanto os das mesas de Tatiana Salem Levy, Rafael Grampá, Milton Hatoum, Gay Talese e tantos outros?), a organização vem procurando - como informa Marcelo Tas - algumas alternativas (como o Canal Flip no YouTube) para "atender a uma gigantesca demanda de quem não pode ou não tem condições de" participar da, atualmente, mais esperada, comentada, odiada e amada festa literária brasileira.
Eu participei da Festa em 2004, na condição de participante do grupo Paralelos, para a oficina de romance ministrada por Milton Hatoum. Era o início de uma festival literário que inflou, se tornou um evento turístico, é bem verdade, e o instante de badalação sobre um mercado que, ao longo do ano e fora do círculo feito de escritores/críticos/leitores ávidos, nunca encontra espelho em nenhum outro momento do ano, nacionalmente falando. A FLIP é um inchaço em um mercado nacional que não tem leitores suficientes e se sustenta de parcas formas, editando os gigantes produtores dos best-sellers e fazendo o leitor médio achar que literatura brasileira é Paulo Coelho. Eu acho saudável que exista um festival desta grandiosidade no Brasil - o que acho elitista são os valores que hoje se cobram para o evento, a loucura faturista que toma conta da cidade (que sempre foi turística, sempre conseguiu explorar naturalmente sua condição de cidade histórica) e o clima de ainda maior distanciamento que isto, consequentemente, acaba causando entre leitor-literatura. Ora, se o festival se torna impraticável para muitos, a literatura naturalmente também, ou não é?
No ano em que fui, não sei se pela prévia organização que Augusto Sales teve, negociando antecipadamente albergues para toda a cambada do Paralelos, ou se pelo caráter ainda em formação que a festa tinha, a idéia que tinha era que tudo era mais natural, simples, acessível Caminhava-se trombando com Scliar, tomava-se vinho ao lado de Jeffrey Eugenides e chutava-se as pedras assim como um distraído Coetzee. É claro que via-se o show de Caetano Veloso e a presença de Chico Buarque então tinha um caráter mais ligado à sua notória figura do que a sua - hoje - notória literatura.
Desde então, venho tentando voltar à feira. A falta de possibilidade de conciliar a agenda dela à minha, profissional e pessoal, tem impossibilitado tal fato. Enquanto isto, sigo achando que tudo inflou demais, os preços estão exorbitantes demais e que tal fato só serve para perpetuar a idéia média de que a literatura está em um altar. Distante demais.