22 janeiro 2003

SEINFELD

Continuo, a cada dia, achando Seinfeld um dos poucos seriados tragáveis nesta insossa massa descerebrada que compõe as chamadas sitcoms. Ao contrário da queridinha Friends e suas situações que pretendem passar casualidade, mas completamente inverossímel e forçada ao máximo, com piadinhas de auditório a cada frase terminada, Seinfeld [que, como Friends é hoje, já foi a séria mais assistida nos Estados Unidos] realmente consegue desfazer estereótipos, com tipos que não são padrões em absoluto e muito menos deliciosamente desajeitados ou coisa do gênero, como querendo fazer o gênero do menos popular, mas mesmo assim adorável, tão comum nestas seriezinhas onde todos vivem felizes para sempre. Se é para ser estranho, que seja-se estranho, sem desculpas para isto, ou contornos e recursos paliativos para enquadrar-se no grande senso comum. As pessoas são estranhas, vivem situações e desenvolvem diálogos que não terminam em trocadilhos ou constantes e charmosos levantares de sobrancelha. Por isso a constatação de que a mulher que você namora tem uma mão masculina e feia e que seu apartamento fede e que seus amigos são desagradáveis e estranhos de verdade pode parecer tão engraçado e nem um pouco meiguinho.