31 março 2003

Andando aqui pela PUC, como ando todo santo dia, ainda consigo me espantar com os modismos aos quais estas guriazinhas que aqui freqüentam se encontram escravizadas. Até por curiosidade, gostaria de saber qual o mote inicial da coisa; se há um momento, marco zero, em que um destes fashion stylist decretam que a moda agora é... sutiã por cima da camiseta, digamos assim. Por que os troços surgem de maneira alarmante, e se espalham tal qual aqueles círculos de ondulação em água parada quando se joga uma pedra: num dia tu vê uma, caminha mais um pouco, vislumbra outra guria, e, ao final da jornada, terá visto pelo menos dez menininhas com a mesma super produção.

Sou um sujeito observador. Antes, a moda era uma tiara de tecido, que principalmente as moças de crinas revoltosas usavam para deixar a testa à mostra e a juba jogada toda para trás. A coisa se difundiu, encontrou receptáculo também entre os homens de cabelos mais longos e durou um tempinho considerável. Nas minhas incursões televisivas, vi que alguns elementos daquele maravilha de Malhação também faziam uso de tal ornamento. Penso que partiu dai sua difusão-mestra, por assim dizer, trazendo-me a impressão que realmente a Globo molda o mundo.

Agora, é um tal jeitinho militar-despojado de ser que parece a tônica do momento. Enfiadas naquelas calças de cor crua e tecido grosso, cheia de bolsos, as meninhas fazem estilo dentro da peça folgada, com um daqueles cintos moles que ficam pendurado até quase o joelho e arrematam com uma básica camisetinha militar, que pode ser regata, ou não, conforme o frescor do dia. Hoje contei uma, duas, três... quando a coisa foi avançando decidi que era melhor parar de contar, e só me espantar com a falta de originalidade destas moçoilas que parecem curtir o uniforme identificatório de suas tribos.

Psicologicamente, existem aquelas diversas teorias de rituais de aceitação na comunidade, identificação com o grupo majoritário, estes lances, mas me impressiona que na prática da vida urbana este troço funcione de verdade: a necessidade que as pessoas têm de se sentir e de parecerem-se umas com as outras, obedecendo à alguma ordem superiora que determinou que aquilo é que é tri massa, é algo quase assustador. Uma das explicações para a forte tendência do mundo ter se mantido e continuar se mantendo em muitas culturas, sob o sistema de regimes autoritários e dominantes. É o gosto pelo cabresto.