07 dezembro 2005

O constrangimento inicial poderia crescer enormemente tal qual uma bexiga inflada com sofreguidão por uma criança de, não sei, sete, oito anos, talvez. Poderia também ceder lugar a uma espécie de comichão, uma ardência em sua pele que por fim tomaria formas purulentas e se tornaria desagradável, peça enojante de se mirar em uma noite como aquela. Como parecia haver algum tipo de complô divino teimando em não minimizá-lo ao extremo tolerável por uma pessoa de sua índole e seu sentimentalismo de baixa auto-estima, o que resultou, tão somente foi uma coceira - nem cheguemos a tanto -, uma irritação apenas. Ainda que daquelas insistentes, um ponto no seu rosto a emanar com constância absurda ordens para que seus dedos fizessem demorados movimentos de vai-e-volta, as unhas a arrancar microscópicas porções de epitélio, seu coração a afogar-se em macroscópicas dosagens de amargura. E o constrangimento não se importando e permanecendo inerte.

Pequeno trecho da novela que não estou escrevendo por que não tenho tempo.