15 julho 2009

Papito (ou incursão romântico-gastronômica II)

Toda vez que penso em escrever sobre minhas incursões gastronômicas, sofro a angústia da influência de Diego e Diogo, os responsáveis pelo sempre ótimo Destemperados. É claro que longe do talento e mais longe ainda da pretensão de me equiparar à qualidade - e relevância - do trabalho dos caras, minha análise aqui tem um caráter ainda mais informal que o deles: são somente recuerdos esparsos, impressões pessoalíssimas sobre minhas aventuras nos redutos da boa comida porto alegrense. Tão esparsos que o outro registro desta natureza já tem bastante tempo.

Mas a verdade é que, em uma sequencia de dois fins de semana seguidos, fui bater meu ponto no Papito, Bar & Armazém ali na Padre Chagas, 293. Neste período, o ambiente se mostra ainda mais acolhedor do que sempre - julgo eu, um amante inveterado das noites frias, que se regozija em saber e em aproveitar o calor da lareira que o Papito, nas noites de inverno, disponibiliza para quem senta lá dentro, longe da "sacada" que faz tanto sucesso no verão. Não obstante o fato desta área externa ser reduto dos fumantes, o fato é que o ambiente interno ganha todos os pontos nesta época invernal: um grande sofá, onde se fica no maior aconchego, muito em frente à lareira - um convite para o permanecimento, como o fiz nestes dois momentos.

O resultado? Como sou um cara mais ou menos tradicional, não costumo mexer no que é vitória acertada, o que justifica o fato de ceder sempre ao mesmo prato do cardápio: o fatal risoto de cordeiro. Servido em uma panelinha esmaltada, com um pernil de cordeiro adornando o prato, me causa lamentação o fato de não dominar os termos necessários para a devida apreciação estética do mesmo. Um imbecil que sou, não fui capaz de decorar os ingredientes da preparação do mesmo, contidos no menu. Mas eis que este é um instante tão somente de adoração. E não menos do que isto foi o que fiz, adorando cada segundo de degustação daquele prato, ainda mais delicioso acompanhado de um tinto. Como o aconchego é grande e todo o clima propiciado é um convite a não partir, eu e Nani - que quedou-se com um risoto de frango, também delicioso - permanecemos até pôr fim à sobremesa: um petit gateau sensacional, de raspar o chocolate do prato, tal qual o do Constantino, e que só deve perder para o do Le Bistrot.

Muitos pontos para o Papito, que segue incólume como um dos meus locais preferidos em Porto Alegre.