Todo ano é a mesma coisa. Um manancial de listas pulula por todos os cantos. Os melhores discos, os melhores livros, as melhores músicas, os melhores filmes. Listas definitivas, listas parciais, listas. Aqui não há listas. Até porque eu não teria a mínima competência para, neste ano em que tão parcamente me envolvi com todos os produtos culturais que gostaria de ter me envolvido, fazer uma lista decente que fosse. Ok, não sejamos tão modestos assim. Li bons livros, vi bons filmes, ouvi boas músicas. Não vi os filmes que todo mundo viu e muito menos os livros que a crítica mediana recomendou. Não, não li Leite derramado e provavelmente não o farei. Não entrei na fila para conferir os blockbusters: em verdade, uma grandiosa fila de blockbusters e de outros filmes espera que eu possa ter tempo para vê-los.
Com os livros, não é diferente: em minha estante a pilha continua a crescer neste ano que, se não foi de todas as leituras que desejaria, ao menos foi de investimento para as leituras que virão. Consegui dar cabo de pelo menos quatro comic books que há tempos ansiava ler. Uns melhores que os outros, mas como não haveria de ser? Rafael Grampá, com seu Mesmo Delivery tem a qualidade que eu já esperava. Só é pena a leitura rápida, pela objetividade da trama. Mas, com certeza, muita coisa boa deste cara ainda vem por aí, ainda mais com esta parceria que firmou com Daniel Pellizzari. Dos Quadrinhos na Cia. mandei ver em Retalhos, de Craig Thompson - volumoso, de belos traços, mas que não deixa muitos bons resquícios ao final. Diferente de Umbigo sem fundo, de Dash Shaw, da mesma coleção e editora. Mais denso e maduro. Dos dois, em breve, resenhas por aqui. Agora, é certo que, das poucas leituras em quadrinhos que fiz, Fun Home foi o que mais me pegou. Alguns posts abaixo destrinchei um pouco da ótima impressão que esta obra de Alison Bechdel me deixou. Grata surpresa foi, ainda, Rodrigo Rosp e seu Fora do lugar. Em breve, também, resenha.
Enfim. Todo um novo ano pela frente. Tantas leituras para dar cabo. Neste momento, retorno para uma segunda leitura de Breves entrevistas com homens hediondos, de David Foster Wallace, procurando uma análise mais detalhada deste sensacional escritor. Pareceria injustiça voltar aos já lidos, mas muitos são os livros que pedem uma segunda e quem sabe, terceira leituras. Jonatham Lethem e sua Fortaleza da Solidão que me desculpe, mas fica em paralelo. E, na fila, esperarão, pacienciosos, ainda, David Means, Don DeLillo, Jonathan Coe, Saul Bellow, Daniel Galera, James Joyce, Tony Morrison, Vinícius Pinheiro, Taniguchi & Qusumi, Bashevies Singer, Cormac McCarthy, Philip Roth... esta cambada que se avoluma por minha estante bradando "é minha vez, é minha vez."