500 dias com ela (500 Days of Summer)
Eu ouvi muita gente acusando Juno de ser um filme forçadamente indie. Construído usando de todos os artifícios para cair no gosto dos descolês - aí incluídos o cachimbinho sem fumo, a bebida azul gigante e o linguajar algo afetado e espertinho da protagonista. Confesso que a mim não pareceu. Um filme como Pequena Miss Sunshine, por exemplo, me ocorre como muito mais dado a estes estratagemas. Enfim - é sobre nenhum dos dois que este post é escrito, no entanto. São referências para o fato de que, provavelmente o sentimento que Juno despertou por todos (e outros) aspectos que apontei aqui, deve ser o mesmo sentimento que me acometeu quando assisti 500 dias com ela. Demorei um bocado, é bem verdade. Muito fuzuê em torno de Zooey Deschanel, que me pareceu um robozinho de olhos esbulhagados* em Fim dos Tempos. Ok que a mina é linda para caralho, charmosa e tal e coisa. Mas sempre sou tomado por esta implicância quando certas personalidades são alçadas ao Olimpo de maneira rápida, ostensiva e conjunta por toda uma mídia formada por revistas mainstream e por descoladinhos de sites mUdernos.
Mas tá, fui lá olhar o filme.
E ele é todo bonitinho, esquemático, tal e coisa: divisões de tela, ceninha de dança, letterings malandros. O guri, sósia do Heath Ledger (Joseph Gordon-Levitt) é bem bom - já gostava dele em 3rd rock from the sun. Mas ele usa gravatinhas finas e roupas que combinam com a falta de saturação do filme inteiro. Há uma certa lavadinha paulista (argentina?) ali, a decadência do emprego bobalhão (o cara é redator de cartões de felicitações, por favor!), imprimindo o tom monocórdio e entediante da vida do cara até que é alçado à felicidade pela presença da personagem da Zooey. Que nem é A mulher mais incrível do mundo. É uma mina gata, mas meio distante, que é a mesma impressão - um pouco menos intensa - que ela me deixa por sua segunda atuação que assisto.
Ah, e nos extras tem clipe descolado da banda descolada da Zooey Deschanel, She & Him, que todo mundo que é bem descoladinho gosta (ok, a banda é fofurinha, a música é massa, mas, sabe.)
Tá rindo do quê (Funny People)
A patota do Judd Appatow continua mandando muito bem. Tá rindo do quê? é simplesmente uma das mais engraçadas e ternas comédias que assisti em muuuito tempo. Desde Superbad e O Virgem de 40 anos que tenho ficado de olho no trabalho de todos estes caras e, tirando um filme que recordo agora - Segurando as pontas (The Pineapple Express), maconheiro demais e bem menos engraçado - dificilmente me decepciono. O bacana deste filme é presenciar a cena stand up formada pelos comediantes em começo de carreira Ira Whrigt (Seth Rogen) e Leo Koenig (Jonah Hill), sempre às voltas com a construções de suas rotines de show até o envolvimento de Ira com George Simmons, um comediante popular, espécie de Eddie Murphy com Seinfeld, que descobre ter uma doença sanguínea incurável. Quando George contrata Ira para ser seu assistente pessoal, o que era para ser uma relação profissional se transforma em uma bela amizade, dando um tom todo especial para o filme, mesclando momentos de humor arraigado com instantes de ternura, mostrando o milionário comediante tentando desfazer algumas besteiras cometidas na vida e ensinando Ira a se tornar um profissional de sucesso nos palcos.
*UPDATE [17.03.2010, 2h22min]: Zooey Deschanel está maravilhosa em Sim, Senhor. Maravilhosa.
*UPDATE [17.03.2010, 2h22min]: Zooey Deschanel está maravilhosa em Sim, Senhor. Maravilhosa.