27 janeiro 2015

Road movie gastronômico


Elementos que não podem faltar num road movie (juntos ou separados): 1. Personagem em fuga ou tentando um recomeço; 2. Estrada como metáfora ou meio de descoberta (da resolução dos problemas, do amor verdadeiro, do “eu” do personagem e variantes similares); 3. Aproximação ou distanciamento definitivo de personagens em conflito (que podem estar juntos na viagem ou não).
Com pequenas variantes, os elementos que formam este tão tradicional gênero podem ser notados desde as primeiras produções cinematográficas que o inauguraram — e isto lá em 1902, quando Georges Meliés lançou seu Viagem à Lua. A verdade é que, para alguns, o primeiro filme exibido na história, A chegada do trem à estação de Ciotat, dos irmãos Lumière, em 1895, já trazia a conexão entre cinema e viagem. E não importa que desde então as produções do gênero praticamente nunca tenham esmorecido. Os roads movies costumam trazer aquela familiaridade de identificação imediata: um conflito humano, um carro/moto interessante, lugares exóticos ou paradisíacos no meio do trajeto e temos a receita quase incontornável de sucesso. Adicione personagens carismáticos e corra para o abraço.
Chef, a mais recente empreitada do Jon Favreau não é diferente. Cansado dos blockbusters (o ator/diretor é responsável pelos dois primeiros filmes da franquia Homem de Ferro), Favreu resolveu retornar ao cinema intimista e de baixo orçamento, escrevendo, dirigindo & atuando. Para tornar tudo ainda mais irresistível, conseguiu a façanha de adicionar a amada gastronomia ao seu divertido road movie (e a amada Scarlett Johansson, que não pode nunca ser esquecida).
Utilizando os elementos do gênero: 1. Favreau é Carl Casper, chef apaixonado por seu trabalho. Frustado por ter sua criatividade podada no restaurante onde trabalha, tenta o recomeço com um food truck (o El Jefe) de comida cubana; 2. Casper irá redescobrir a paixão pela gastronomia; 3. A viagem também servirá para reaproximá-lo de seu filho, Percy (Emjay Anthony), de quem é distante desde que separou-se de Inez (Sofia Vergara).
Dito isto, vamos ao que importa: comidas deliciosas (não assista de estômago vazio), trilha sonora imbatível e locações incríveis, onde clássicos points gastrômicos dão o tom — e o sabor. Depois de dar adeus a seu emprego em Los Angeles, a viagem começa com a inspiração. É Miami, na Little Havana onde a família cubana de sua ex-esposa vive, que Casper terá o insight para os sanduíches cubanos que serão o sucesso de seu food truck. Como resistir à combinação de presunto doce, carne de porco assada, queijo suíço, picles e mostarda no pão tostado?

Próxima parada, New Orleans. Lugar onde a comida — beignets cobertas de açúcar no famoso Cafee du Monde — é um programa tão cultural quanto as infindáveis jams musicais na Frenchmen Street. Dali, El Jefe parte para Austin, onde o churrasco texano, assado lentamente do Franklin Barbecue vira recheio para outro sanduíche de sucesso.
É claro que num filme onde a gastronomia manda, a cerveja também tem seu lugar. Se não tanto como deveria — eles aparecem empinando algumas cervejas em momentos de comemoração —, a gente compensa, apresentando uma breve lista dos melhores lugares para se beber, nas cidades visitadas por El Jefe Carl Casper.
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6 bares para apreciar uma boa cerveja, nas cidades de Chef.
MIAMI

The Democratic Republic of Beer(501 NE 1st Avenue)








Mais de 500 cervejas de 60 países, aberto diariamente até as 5h. Ainda sedia um famoso torneio de beer pong.

The Bar
(The Bar, 172 Giralda Ave., Coral Gables)











O número de cervejas é menor: 48. Mas, para compensar, tem uma seleção de jogos de tabuleiros e um menu com uma grande seleção de hambúrgueres.
NEW ORLEANS

Barcadia Bar & Grill(601 Tchoupitoulas Street)










Além de uma grande variedade de cervejas, com foco nas artesanais, tem salas cheias de máquinas de games arcade.

Cooter Brown’s Tavern & Oyster Bar(509 S. Carrollton Ave.)












Uma seleção de 400 cervejas, com 40 nas torneiras. Perfeito para os fãs de esporte, com suas mais de 20 TVs à disposição.
AUSTIN
The Chicago House
(607 Trinity Street)











Qualquer cerveja, a $5 (exceto durante o happy hour, quando tudo é por $4!). Vinte torneiras e duas cervejas de barril.
Craft Pride(61 Rainey Street)












Mais de 50 torneiras dedicadas exclusivamente às cervejas produzidas no Texas.

Publicado originalmente na revista da Have a Nice Beer.